terça-feira, 28 de outubro de 2008

Bipolar

Cheguei há pouco do médico. Do psiquiatra, claro. Talvez começando assim pensem que sou louca varrida. Sinceramente, isso pouco me importa. Até porque sim, sou louca, mas não varrida. Com grande pena minha, não consigo varrer os meus fantasmas, as minhas dores, nem esta estúpida solidão que me sufoca.
Se estou sempre assim? Claro que não! A medicação ajuda, o psicoterapeuta também, e não é pouco.
A minha mãe morreu há três semanas. Estava num sofrimento horrível e a minha insistência feroz numa injecção de morfina apressou-lhe o fim previsível, mas que assim foi tranquilo. Toda a gente me diz que assim foi melhor, que ela já não sofre, patati, patata... O discurso racional do costume. E eu não discordo! Pois se até fui eu quem insistiu na morfina!
Mas se é um facto que a minha mãe já não sofre, que já não tem problemas (pelo menos os desta dimensão), a minha perda não é colmatada com esse raciocínio lógico.
Vou ter que a "varrer", eu, sozinha, apoiada no médico e nos medicamentos.
Neste caso, como gostaria de ser louca já varrida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Às vezes também gostava de ser doida varrida. Ou melhor, irresponsável! Esta responsabilidade de estar viva pesa tanto nos ombros...

Avalon