sábado, 1 de novembro de 2008

Cansaço sem razão

Ou talvez sim. O médico aumentou-me as doses de medicação, "por enquanto", diz ele, que detesta químicos, apesar de psiquiatra. Nota-se que ele prefere a conversa, que adora fazer perguntas, que o curso tradicional e convencional de medicina só serviu para lhe satisfazer uma Lua em Capricórnio na casa VI. Mas ele é Peixes, ascendente Caranguejo e aquele homem fervilha de emoção. Senão fosse aquela Lua, não conseguiria exercer aquela profissão.
Lembro-me da vez em que lhe disse que me sentia sem Lar. Depois de sair de Alcochete, quando aterrei aqui neste monte de betão em Lisboa e que nem sequer tem nada de castiço, senti-me uma "sem-abrigo". Claro que as aspas se justificam. Estou muito longe deles e até parece mal dizer isto. Mas esta casa não é o meu Lar. O homem ficou com lágrimas nos olhos. Naquele momento, não conseguiu ser "médico".
Esta tarde não dormi, nem dormitei. Devo estar a habituar-me à dose maior.
E vim para aqui porque não aguentava estar separada da minha filha. Sei que, quando eles crescem, já aguento a separação. Separação física. Na realidade, os meus filhos mais velhos já não vivem comigo. Mas qualquer problema, qualquer aflição que tenham, passa por mim. Ela ainda não. E o que choravamos as duas quando o pai a levava lá para me visitar depois de eu ter saído do hospital! Ela saía de Alcochete arrastada pelo pai, aos berros!
Noutro dia houve um programa na TV em que um filho (homem já adulto, mas ainda tinha mãe) lhe dizia, com muito carinho, que gostava mais do pai, que já tinha morrido. A mãe sorriu-lhe.
A minha filha comentou: Então a mãe ainda se ri?! Respondi-lhe: Mas tu achas que se me dissesses que gostavas mais do pai do que de mim, eu ía ficar zangada contigo?
Resposta dela: Mas é que no meu caso é ao contrário...
E não é que o pai ficou de trombas!

1 comentário:

Anónimo disse...

Inseguranças...